Ainda sem grandes novidades sobre a volta da terceira temporada, mais precisamente da segunda parte da mesma, de "Into the Badlands", vou continuar com o texto, a fanfiction (vamos chama-la desta forma), que comecei há umas semanas. Este é o texto (link: https://snarede5.blogspot.com/2018/12/into-badlands-temporada-3-episodio-9.html) e o que poderão ler em seguida é a continuação do mesmo.
Por mais explicações que a Mestre lhe tinha dado, inúmeras eram as perguntas que ecoavam na sua cabeça e para as quais precisavam de uma resposta e não iria esperar muito mais tempo. Já tinha esperado trinta e tal anos, uma vida inteira. Não podia esperar mais, não podia ficar mais naquele quarto. Depois de tudo o que se passou em White Bone, e por mais que tenha passado um bom par de dias desacordada (podia não estar de pé e com os olhos abertos mas o seu tempo desacordada foi tudo menos pacífico), o mundo continuava lá fora. Ela tinha uma população para liderar, uma guerra para terminar, um homem para parar (o Peregrino. Afinal o instinto feminino dela estava certo. Ele não era só um Santo homem. Ele era um Santo homem que queria instaurar nas Badlands a inquisição) e pessoas à sua espera.
Desde o contentamento em White Bone que a Tilda e o Gaius se revezavam à porta do quarto da Minerva. Eles tinham ficado responsáveis por liderarem as Badlands, já que as três líderes (Lydia, Juliette e Minerva) estavam "fora de combate", mas todos os momentos que tinham livres passavam ali. Procuravam uma resposta mas aquela porta não se abria por nada. A Minerva estava sozinha com uma mulher no mínimo estranha e a verdade é que eles não sabiam como a Minerva estava. Estavam no maior obscurantismo quando a obra do quarto se abre e de lá sai uma mulher pequena, mulata e com trajes alaranjados, como os monges costumavam usar.
Quando ouvem o ranger da porta, os dois levantou-se com um assalto na expectativa que fosse a Minerva, que ela estivesse finalmente bem e voltasse para eles. Só que não era a Minerva. Era apenas aquela mulher. A Tilda vai desesperada na direção dela.
- A minha mãe! Como está a minha mãe?! - A rapariga estava desesperada com a falta de notícias que tinham da sua mãe, da única mulher (tirando a Odessa mas ela era outro tipo de mulher) que alguma vez a tinha tratado bem. O Gaius para-a. Ele também estava preocupado mas não gostava de se deixar levar pelas emoções. Não tinha sido criado dessa forma e por mais que tivesse o coração pequenino com tanta preocupação
- Tem calma, Tilda. - A rapariga não entendia. Como aquela mulher podia saber o seu nome? Como poderia estar tão calma se ela estava na qual situação?! A misteriosa mulher sorri -...tu e o Gaius podem entrar.
-...A Minerva está bem?
- Vejam por vocês. Podem entrar e vê-la mas vão com cuidado pois ela passou por muita coisa nos últimos dias. Entrem pois devem ter muita coisa a dizer uns aos outros. Eu depois voltarei. - a Mestre vai-se embora.
O Gaius e a Tilda olham um para o outro incrédulos mas o que mais importava é que ela estava bem e no outro lado daquela porta com uma borboleta talhada na madeira.
Lá estava ela, deitada tranquilamente em cima da sua cama. Estava com as mesmas roupas e desperta mas o seu olhar estava longe, tão longe que não era capaz de ver que estavam ali, mesmo em frente dela. A Minerva estava perdida nos seus pensamentos quando ouve duas vozes, que conhecia muito bem, a chamar por ela.
- Mãe!
- Minerva! - Era como se lhe tivessem dado um choque. As vozes deles a tinham feito despertar e voltar aquele quarto, ao seu quarto. Lá estavam mais uma vez juntos. Ela, a sua amada filha Tilda (não era sua filha biológica mas a ligação que sentia com aquela rapariga era bastante forte. Quase tão forte como o amor que sentia pelo seu falecido filho Percival) e o Gaius. Não sabia se o amava ou se não podia confiar dele. O seu amor parecia sincero, sempre fora sincero, mas a forma como voltou a aparecer foi no mínimo inesperada e as palavras que a Julietta lhe tinham dito...É verdade que nunca se deram bem uma com a outra, desde pequenas, e o que a Chau mais gostava é de a magoar mas e se fosse verdade? E se ela não passasse de mais uma conquista na lista de conquistas do Gaius Chau?
A Tilda salta para a cama e dá um grande abraço à mãe. Aquele abraço era tão bom! Finalmente tinha recuperado o amor da sua filha.
O Gaius sorri. Aquela era uma mãe e filha que tinham um laço bem mais forte que o sangue. Elas tinham se escolhido uma a outra e sempre foram juntas contra o mundo e foi juntas que conseguiram tomar posse das Badlands. Eram temidas pelos homens mais duros das Badlands mas no fim do dia não passavam de duas mulheres. Duas mulheres assustadas que tinham passado por muito e que, lá no fundo, só encontravam conforto nos braços uma da outra.
A Minerva e o Gaius trocam olhares. Ele sorri embevecido para aquela cena e decide juntar-se à mesma num abraço de grupo. Aqueles três estavam a transformar-se numa família. Numa família diferente das convencionais, era verdade, mas a ligação entre os três estava a aumentar a cada dia que passava e o Gaius já se via a proteger (neste aspecto elas eram bem mais capazes de o proteger do que o inverso) aquelas mulheres para o resto da sua vida. Desfazem o abraço.
- Como estás? O que se passou mãe? - A Minerva sorri.
-...Mãe...pensava nunca mais ia ouvir essa palavra saida da tua boca. - a Tilda fica meio encabulada -...deixa estar. Eu compreendo. Estive longe de ser a melhor mãe do mundo e há muita coisa que me arrependo. Nunca devia ter perseguido o MK ou ter entregue a Veil e o pequeno Henry ao louco do Quinn. Não o devia ter feito mas sempre achei que o estava a fazer por um bem melhor. Mas porque bem? Arrastei-nos a todos para uma guerra fraticida...
- Tu lutaste para que possamos ter uma vida melhor. Tu és uma líder. - Faz uma festa no rosto da Tilda.
- Antes de mais devia ter sido tua mãe...tua mãe e mãe do Percy. Nunca vos consegui proteger, salvar. - a Tilda agarra-lhe na mão.
- Mas tu salvaste-me de ser violada todos os dias. Tu sabes o que eu pensei. - olha para o Gaius. - Só nós as duas sabemos. A verdade é que te devo a minha vida e sempre estarei aqui.
- Nós mudámos muito nos últimos tempos e eu compreendo que as coisas não voltem a ser as mesmas mas acredita que para mim é muito importante ter-te do meu lado...é muito importante ter vos do meu lado. - A Tilda e o Gaius estavam os dois sentados, cada um do seu lado da cama. O Gaius agarra-lhe na mão.
- Como estás? - a Minerva retira educadamente a sua mão. Não sabia muito bem o que fazer com o Gaius. Era uma situação complicada e a verdade é que não sabia muito bem como se portar junto dele.
- Agora estou já estou bem...acho eu.
- O que aconteceu em White Bone? Quem é a mulher que saiu deste quarto?
- Sim. Quando chegámos ao salão já estavas tu desmaiada, os guardas mortos, a minha irmã ferida e aquela mulher que parece um monge de pé. Toquei em ti e não vi nenhum ferimento grave mas estavas gelada...gelada como a morte. Apanhei em ti ao colo e enquanto voltávamos para o Santuário tu ardias nos meus braços. Passámos os últimos dias na porta deste quarto a tentar obter notícias tuas mas ela não nos deixou nunca entrar. De repente abriu a porta e chamou pelos nossos nomes. O que se passou aqui, Minerva?! - A Minerva expira fundo. Era momento de lhes contar toda a verdade.
- Eu explico tudo. Vocês merecem. Mas preparem-se que a história vai ser bem longa e difícil de acreditar. - o Gaius senta-se melhor na cama.
- Podes começar a contar que estamos preparados e não temos nada para fazer. - A Minerva senta-se na cama e assume um tom de voz mais sério.
- Quando me deixaste sozinha com a tua irmã eu e ela lutamos e acabei por a perseguir até ao grande salão mas era uma armadilha. Quando eu entrei ela estava ladeada de guardas armados. Era impossível escapar, sair dali. Eu ainda tentei levantar a minha espada mas as flechas vinham na minha direção quando estas pararam no ar.
- É impossível parar setas no ar! - A sua filha não sabia mesmo de nada!
- Nada é impossível quando és a Mestre. Aquela mulher é capaz de tudo, até de parar o tempo. Foi o que ela fez. Ela conseguiu parar o tempo e virar as setas contra os soldados da Chau. O tempo parou e só nós as três é que nos mexiamos. Se ela não tivesse entrado naquele momento eu muito provavelmente estaria morta.
-...E porque esta...Mestre te quereria salvar? Como é que ela sabia que estávamos em White Bone?
- A Mestre sabe de tudo. Ela sabia que eu estava a necessitar de ajuda e veio na minha direção. As coisas podiam ser bem diferentes se ela não tivesse vindo e me preparado para o que vem ai.
- E o que vem ai? - A Minerva olha muito séria para a Tilda.
- Uma guerra!
- Mas nós ganhámos a guerra! A Chau foi feita prisioneira e só estávamos à tua espera para podermos anunciar oficialmente o fim dos baronatos e a libertação de todos os escravos. Os soldados já estão a voltar às suas respectivas terras. Somos oficialmente livres!
- Não, não somos. Se primeiro lutámos pela nossa liberdade, agora vamos ter que lutar pelas nossas vidas. E acreditem que este novo inimigo é muito mais perigoso que a Julietta ou qualquer um dos outros Barões. Este homem está disposto a construir um novo mundo a sangue, se necessário. Para ele ou nos ajoelhamos ao ser querer, à sua religião, ou morremos às mãos dos seus "queridos". - Era desta forma que o Peregrino tratava aqueles que tinham o Gift.
-..."queridos"...é dessa forma que o Peregrino trata o MK e a outra rapariga. O MK está em perigo?! - a Tilda fica muito preocupada pois para ela o MK era muito importante.
-...não. Penso que ele está em segurança. Pelo menos enquanto conseguir controlar o seu poder. Nós é que estamos em perigo e foi por causa disto que a Mestre voltou. Ela voltou para me avisar e para me "acordar" para este desafio, para este novo desafio.
- Mas que desafio é esse que tanto falas? E porque tu, Minerva?
- Existe muita coisa que vocês não sabem sobre mim. Eu própria não me lembrava mas agora é tudo bem claro. Eu já sei quem sou, de onde vim...a verdade é que a minha história começou muito antes de chegar á tua casa, Gaius. A minha história começa em Azra.
- Azra...esse nome...essa é uma história que se contava às crianças para meter medo.
- Não. Azra é verdadeira. O meu livro. Lembraste do meu livro, Tilda? - a Tilda engole em seco. O livro tinha sido roubado pelo MK e ela tinha ajudado -...aquele livro foi a única coisa que o meu pai me deixou antes de desaparecer. Foi o livro e a palavra Azra. Eu trabalhei à volta daquele livro durante anos mas nunca o consegui compreender, decifrar. Apenas sei dizer que aquele livro fala sobre o Dark Chi, como ele nasceu e pode ser controlado. E ele pode ser controlado por certas pessoas, tal como a Mestre ou o Peregrino. Ele sabe o "desligar" e segundo a Mestre ele descobriu a Câmara do Merindiano. Ele agora tem acesso a um poder incrível e com a capacidade dele de controlar o Dark Chi torna-se quase impossível de parar.
- Estás a falar do quê?
- Não sei bem como mas o Peregrino está a preparar um exército de dotados para tomar conta das Badlands.
- Como pode estar a preparar um exército de dotados com o Dark Chi? É verdade que eles são muito poderosos mas não são assim tantos. Aliás, que eu saiba só existem dois miúdos, já que o outro morreu.
- Ai é que te enganas. Conheces três.
- Três?...
-...eu. Eu tenho o Gift desde pequena. Aliás, foi por causa de ser portadora do Dark Chi que fugi com o meu pai de Azra e da Black Lotus. Eu não passava de uma criança. Uma criança muito poderosa mas uma criança e o meu pai decidiu agarrar em mim e fugir para as Badlands. Agora já me lembro de tudo. Lembro-me das longas caminhadas, de estar muito cansada mas ele não me deixava desistir. Dizia que ia sempre ficar comigo e que sempre estaria do meu lado. Ele era a borboleta que um dia pousou no meu braço e lá continua até hoje. Elas são a minha família, as minhas borboletas... - agora compreendiam o significado da borboleta no brasão da Minerva. Ela não representava apenas um animal que passava de despercebido para magnificente. Ele era a representação da única família que tinha e que a tinha abandonado. -...eu pensava que ele me tinha abandonado, como todos os homens na minha vida mas agora compreendo que ele me protegeu. Eu não podia cair nas mãos de pessoas que usassem o meu poder para o mal. Eu fiquei sozinha na floresta até que os monges me prenderam num pequeno baú e me levaram para o mosteiro. Foi ai que conheci o Bajie.
- O Bajie era monge?! - A Minerva sorri. Era estranho pensar no Bajie como um responsável monge mas esta era a verdade.
- Era. No mosteiro eles puxavam pessoas como eu mas o Bajie não deixou, ele protegeu-me e treinou-me. Juntos éramos uma dupla imparável que queria mudar o mundo. Pelo menos era o que eu achava. Mas tudo mudou no dia em que tentei salvar os cogs de uma aldeia no território que era do Quinn. Eu sozinha tratei dos Clippers mas deixei-me levar pelos meus poderes, pela minha sede de sangue, e acabei por chacinar toda a aldeia. Eu matei as pessoas que queria salvar!...foi nesse dia que a Mestre, a mesma mulher que viram sair deste quarto, retirou todos os meus poderes e expulsou-me do mosteiro. Dai o resto da história já conhecem. O Rei do Rio apanhou-me, colocou-me num barco de escravos e acabei como cogg na tua casa. - ele sabia que ela era especial, sempre soube que ela era muito mais que uma simples escrava e estava aqui a sua resposta. A Minerva era uma "dark one".
- Afinal a história que contaste era verdadeira!
- Eu nunca te menti. Posso ter mentido a todos os outros, menos a ti Tilda. Eu era igual ao MK e sempre quis saber como o rapaz conseguia controlar os seus poderes e o porquê dele ter um medalhão com a mesma imagem de Azra que o meu livro tinha. Os outros não têm. Apenas ele. Ele tem o medalhão, eu tinha o livro e eu sei que o Sunny tinha uma bússola. Porque temos estes artefatos? Qual é a nossa ligação?
- Achas que existe uma ligação entre vocês os três?
- Não sei mas irei descobrir. Sei que todos temos uma ligação a Azra e que esta é a fonte para pessoas como eu. Pessoas que foram criadas para lutar, para matar. Pessoas que tem o poder do mundo nas mãos mas que com um simples estalar de dedos podem acabar com tudo. Foi desta forma que o mundo antigo acabou. As pessoas com muito poder ficaram gananciosas e nós corremos o risco de repetir a mesma história.
- Falas do que se passou com a civilização antiga?
- Falo do fim do mundo, do mundo que agora conhecemos. Este pode não ser o mundo perfeito, é verdade, mas é o nosso mundo e eu não estou disposta a ver um homem tomar conta de tudo. Já passamos pelo jugo dos Barões, não devemos passar pelo jugo do Peregrino.
- E como o podemos parar?
- Vocês não sei mas eu posso e o vou parar! Eu prometi a Wren que finalmente seria a líder que tanto falava e se tiver que me sacrificar no processo eu o falo-ei. - O Gaius agarra-lhe na mão.
- Já falei disto mais do que uma vez mas repito pois parece que não me queres ouvir. Tu não tens que te sacrificar sozinha. Esta não é uma luta de apenas uma pessoa, é uma luta de todos nós e tu com essa conversa...essa parece uma conversa de uma suicida. Pensava que esta guerra tinha finalmente acabado e que finalmente iríamos ter o nosso final feliz. - A Minerva sorri. Ela lá no fundo também tinha sonhado com um final feliz, sem armas nem guerra. Apenas eles os três naquela casa. Ela queria ter uma família, queria recuperar a sua família, a sua felicidade. Desde que o Gaius tinha reentrado na sua vida que tinha imaginado inúmeros cenários mas pelos vistos nenhum deles se iria realizar. Pelo menos não naquele momento.
-...eu pelos vistos não fui feita para os finais felizes. - Ficam os três algo pensativos quando a Tilda quebra o silêncio.
- E o que fazemos agora? Nos preparamos para uma nova guerra, é isso?! - A Minerva precisava de ver a Lydia. Ela era a sua estratega e a verdade é que precisava dos seus conselhos. Talvez nunca tivesse necessitado tanto da Lydia como naquele momento.
- A Lydia? Preciso de a ver. Preciso da minha vice-rei. - a Tilda olha para o Gaius. A Lydia estava muito doente, tinha sido ferida em combate. Como é que lhe iriam dizer?...O Gaius puxa essa responsabilidade para si.
- Minerva, a Lydia foi gravemente ferida. Durante a luta um dos soldados da minha irmã a feriu e ela, em conjunto com o Moon, têm estado retirados no Forte. O médico tem estado com ela mas as notícias não são as melhores. Não tem havido melhorias. Por causa do vosso estado nós tivemos que assumir o controlo das Badlands. - A Minerva levanta-se muito de repente, como se estivesse bem e pronta para tudo. Caso como se os últimos dias não tivessem existido.
- Eu tenho que ir ter com a Lydia. - o Gaius mete-se à sua frente.
- Tens a certeza? Tu ias morrendo e...
- Mas não morri e não estou para ficar mais tempo deitada nessa cama. Está mais do que no momento de voltar a assumir as redes das Badlands e para o fazer preciso de ter ao meu lado o meu Regente e a minha Vice-Rei. E se eles não podem vir até ao Santuário, eu irei até ao Forte e não vai ser nenhum dos dois que me vai parar. Aliás...se querem fazer alguma coisa vão buscar o Waldo.
- Mas o Waldo está vivo?!
- Claro que está! Achavas mesmo que o tinha morto quando ele vos ajudou a fugir? Exactamente. Eu vi a vossa fuga. O Waldo está na casa dele, nas terras que eram do Quinn. Ele na altura disse que se tinha que afastar, que estava farto de lutar e eu aceitei. Só que a situação mudou e é melhor ele estar aqui, perto de nós. É mais seguro para todos. Tilda, no escritório vais encontrar um mapa que te vai ajudar a chegar ao Waldo. Preciso que o tragas para cá e se for preciso puxas-o pela cadeira.
- Sim mãe. - A Tilda afasta-se deixando a Minerva e o Gaius sozinhos. Ora estava ai uma coisa que ela não queria nem um pouco. Quanto menos estivesse sozinha com ele, melhor. A Minerva também faz tensão de sair do quarto mas o Gaius a impede.
- Podes não querer dizer nada em frente da Tilda mas já comprendi que se passou alguma coisa. Tu estás estranha.
- Como querias que estivesse depois de tudo o que se passou em White Bone?!
- Pois. Compreendo que devas ter a tua cabeça a "mil à hora" mas algo me diz que se passa mais, que escondes algo. Sabes que podes contar comigo para tudo, que me podes dizer tudo. - tenta fazer uma festa no rosto da Minerva mas esta se retrai -...o que se passa? Pensei que estávamos bem. Eu passei os últimos dias morto de preocupação, com medo de te perder. Demorei 20 anos a voltar para ti e agora...
- Agora já tens aquilo que querias há 20 anos atrás. Já me tiveste e podes juntar o meu nome à tua lista de conquistas. - a Minerva explode de raiva e frustação. Ele tinha prometido que nunca mais nenhum homem ia fazer pouco dela mas bastou ele chegar que ela se tinha derretido toda. Sempre fora assim e sempre que ela se deixava ir na "cantiga" dele as coisas acabavam mal. Mas quem não estava a entender aquela conversa era o próprio Gaius. Ela falava dele como se ele fosse um abusador, alguém que só pensava em mulheres. Ele não é assim. Ele só pensava nela. Desde pequeno e agora que estava perto dela só a queria ajudar a concretizar o seu sonho, o sonho deles.
- Mas do que estás a falar? Eu sempre te amei!
- Sempre me amaste ou me desejaste? É que são duas coisas diferentes. E a tua irmã me contou tudo sobre as outras raparigas. Eu fui mais uma que tentaste conquistar na altura mas como não conseguiste não te sai do pensamento. Foi isso?...
- A minha irmã...Mas como consegues acreditar na minha irmã depois de tudo?! Ela mente! Ela nunca gostou de ti e lá no fundo sempre soube que eu gostava de ti. Esqueceste das chicotadas que ela te deu?! É que eu não! Eu consigo fechar os olhos e relembrar tudo o que se passou naquele dia.
- E eu sinto ainda cada chicotada na minha pele.
- Então porque acreditas nas loucuras da minha irmã? Porquê?! - puxa a Minerva para junto de si e faz-lhe um carinho no rosto. -...que mais tenho que fazer para que acredites em mim, no meu amor?... - beijam-se. Por mais que tenha ficado de pé atrás com as palavras da Juliette, a verdade é que não conseguia esquecer o que tinha vivido ao lado dele. Ela também queria dar uma oportunidade aquele amor. A luta pela vida, a luta pela liberdade e a luta pelo amor. São três lutas que tinham marcado toda a sua vida.
Mais tarde...
Um carro com a insígnia da Borboleta estaciona em frente ao Forte e de lá, em passo rápido, saem o Gaius e a Minerva.
Dentro de casa o casal é recebido pelo Moon, que estava visivelmente melhor dos seus ferimentos de batalha.
- Baronesa, folgo em a ver bem.
- Meu valoroso Moon. Fico muito contente em ver que estás a recuperar bem. A Tilda e o Gaius contaram-me sobre os acontecimentos em Mastanza e como tu e a Lydia foram autênticos heróis. Falando da nossa amada Vice-Rei, onde ela está?
- Ela está de cama e infelizmente não está muito bem. O médico diz que é envenenamento de sangue e que há pouco a fazer. - A Minerva deixa o Moon a falar sozinho e vai na direção do quarto da Lydia. - Onde ela pensa que vai?
- Também não sei mas o que acontecer daqui para a frente...vai de coração aberto pois vais ficar espantado.
*CONTINUA (possivelmente...).
Por mais explicações que a Mestre lhe tinha dado, inúmeras eram as perguntas que ecoavam na sua cabeça e para as quais precisavam de uma resposta e não iria esperar muito mais tempo. Já tinha esperado trinta e tal anos, uma vida inteira. Não podia esperar mais, não podia ficar mais naquele quarto. Depois de tudo o que se passou em White Bone, e por mais que tenha passado um bom par de dias desacordada (podia não estar de pé e com os olhos abertos mas o seu tempo desacordada foi tudo menos pacífico), o mundo continuava lá fora. Ela tinha uma população para liderar, uma guerra para terminar, um homem para parar (o Peregrino. Afinal o instinto feminino dela estava certo. Ele não era só um Santo homem. Ele era um Santo homem que queria instaurar nas Badlands a inquisição) e pessoas à sua espera.
Desde o contentamento em White Bone que a Tilda e o Gaius se revezavam à porta do quarto da Minerva. Eles tinham ficado responsáveis por liderarem as Badlands, já que as três líderes (Lydia, Juliette e Minerva) estavam "fora de combate", mas todos os momentos que tinham livres passavam ali. Procuravam uma resposta mas aquela porta não se abria por nada. A Minerva estava sozinha com uma mulher no mínimo estranha e a verdade é que eles não sabiam como a Minerva estava. Estavam no maior obscurantismo quando a obra do quarto se abre e de lá sai uma mulher pequena, mulata e com trajes alaranjados, como os monges costumavam usar.
Quando ouvem o ranger da porta, os dois levantou-se com um assalto na expectativa que fosse a Minerva, que ela estivesse finalmente bem e voltasse para eles. Só que não era a Minerva. Era apenas aquela mulher. A Tilda vai desesperada na direção dela.
- A minha mãe! Como está a minha mãe?! - A rapariga estava desesperada com a falta de notícias que tinham da sua mãe, da única mulher (tirando a Odessa mas ela era outro tipo de mulher) que alguma vez a tinha tratado bem. O Gaius para-a. Ele também estava preocupado mas não gostava de se deixar levar pelas emoções. Não tinha sido criado dessa forma e por mais que tivesse o coração pequenino com tanta preocupação
- Tem calma, Tilda. - A rapariga não entendia. Como aquela mulher podia saber o seu nome? Como poderia estar tão calma se ela estava na qual situação?! A misteriosa mulher sorri -...tu e o Gaius podem entrar.
-...A Minerva está bem?
- Vejam por vocês. Podem entrar e vê-la mas vão com cuidado pois ela passou por muita coisa nos últimos dias. Entrem pois devem ter muita coisa a dizer uns aos outros. Eu depois voltarei. - a Mestre vai-se embora.
O Gaius e a Tilda olham um para o outro incrédulos mas o que mais importava é que ela estava bem e no outro lado daquela porta com uma borboleta talhada na madeira.
Lá estava ela, deitada tranquilamente em cima da sua cama. Estava com as mesmas roupas e desperta mas o seu olhar estava longe, tão longe que não era capaz de ver que estavam ali, mesmo em frente dela. A Minerva estava perdida nos seus pensamentos quando ouve duas vozes, que conhecia muito bem, a chamar por ela.
- Mãe!
- Minerva! - Era como se lhe tivessem dado um choque. As vozes deles a tinham feito despertar e voltar aquele quarto, ao seu quarto. Lá estavam mais uma vez juntos. Ela, a sua amada filha Tilda (não era sua filha biológica mas a ligação que sentia com aquela rapariga era bastante forte. Quase tão forte como o amor que sentia pelo seu falecido filho Percival) e o Gaius. Não sabia se o amava ou se não podia confiar dele. O seu amor parecia sincero, sempre fora sincero, mas a forma como voltou a aparecer foi no mínimo inesperada e as palavras que a Julietta lhe tinham dito...É verdade que nunca se deram bem uma com a outra, desde pequenas, e o que a Chau mais gostava é de a magoar mas e se fosse verdade? E se ela não passasse de mais uma conquista na lista de conquistas do Gaius Chau?
A Tilda salta para a cama e dá um grande abraço à mãe. Aquele abraço era tão bom! Finalmente tinha recuperado o amor da sua filha.
O Gaius sorri. Aquela era uma mãe e filha que tinham um laço bem mais forte que o sangue. Elas tinham se escolhido uma a outra e sempre foram juntas contra o mundo e foi juntas que conseguiram tomar posse das Badlands. Eram temidas pelos homens mais duros das Badlands mas no fim do dia não passavam de duas mulheres. Duas mulheres assustadas que tinham passado por muito e que, lá no fundo, só encontravam conforto nos braços uma da outra.
A Minerva e o Gaius trocam olhares. Ele sorri embevecido para aquela cena e decide juntar-se à mesma num abraço de grupo. Aqueles três estavam a transformar-se numa família. Numa família diferente das convencionais, era verdade, mas a ligação entre os três estava a aumentar a cada dia que passava e o Gaius já se via a proteger (neste aspecto elas eram bem mais capazes de o proteger do que o inverso) aquelas mulheres para o resto da sua vida. Desfazem o abraço.
- Como estás? O que se passou mãe? - A Minerva sorri.
-...Mãe...pensava nunca mais ia ouvir essa palavra saida da tua boca. - a Tilda fica meio encabulada -...deixa estar. Eu compreendo. Estive longe de ser a melhor mãe do mundo e há muita coisa que me arrependo. Nunca devia ter perseguido o MK ou ter entregue a Veil e o pequeno Henry ao louco do Quinn. Não o devia ter feito mas sempre achei que o estava a fazer por um bem melhor. Mas porque bem? Arrastei-nos a todos para uma guerra fraticida...
- Tu lutaste para que possamos ter uma vida melhor. Tu és uma líder. - Faz uma festa no rosto da Tilda.
- Antes de mais devia ter sido tua mãe...tua mãe e mãe do Percy. Nunca vos consegui proteger, salvar. - a Tilda agarra-lhe na mão.
- Mas tu salvaste-me de ser violada todos os dias. Tu sabes o que eu pensei. - olha para o Gaius. - Só nós as duas sabemos. A verdade é que te devo a minha vida e sempre estarei aqui.
- Nós mudámos muito nos últimos tempos e eu compreendo que as coisas não voltem a ser as mesmas mas acredita que para mim é muito importante ter-te do meu lado...é muito importante ter vos do meu lado. - A Tilda e o Gaius estavam os dois sentados, cada um do seu lado da cama. O Gaius agarra-lhe na mão.
- Como estás? - a Minerva retira educadamente a sua mão. Não sabia muito bem o que fazer com o Gaius. Era uma situação complicada e a verdade é que não sabia muito bem como se portar junto dele.
- Agora estou já estou bem...acho eu.
- O que aconteceu em White Bone? Quem é a mulher que saiu deste quarto?
- Sim. Quando chegámos ao salão já estavas tu desmaiada, os guardas mortos, a minha irmã ferida e aquela mulher que parece um monge de pé. Toquei em ti e não vi nenhum ferimento grave mas estavas gelada...gelada como a morte. Apanhei em ti ao colo e enquanto voltávamos para o Santuário tu ardias nos meus braços. Passámos os últimos dias na porta deste quarto a tentar obter notícias tuas mas ela não nos deixou nunca entrar. De repente abriu a porta e chamou pelos nossos nomes. O que se passou aqui, Minerva?! - A Minerva expira fundo. Era momento de lhes contar toda a verdade.
- Eu explico tudo. Vocês merecem. Mas preparem-se que a história vai ser bem longa e difícil de acreditar. - o Gaius senta-se melhor na cama.
- Podes começar a contar que estamos preparados e não temos nada para fazer. - A Minerva senta-se na cama e assume um tom de voz mais sério.
- Quando me deixaste sozinha com a tua irmã eu e ela lutamos e acabei por a perseguir até ao grande salão mas era uma armadilha. Quando eu entrei ela estava ladeada de guardas armados. Era impossível escapar, sair dali. Eu ainda tentei levantar a minha espada mas as flechas vinham na minha direção quando estas pararam no ar.
- É impossível parar setas no ar! - A sua filha não sabia mesmo de nada!
- Nada é impossível quando és a Mestre. Aquela mulher é capaz de tudo, até de parar o tempo. Foi o que ela fez. Ela conseguiu parar o tempo e virar as setas contra os soldados da Chau. O tempo parou e só nós as três é que nos mexiamos. Se ela não tivesse entrado naquele momento eu muito provavelmente estaria morta.
-...E porque esta...Mestre te quereria salvar? Como é que ela sabia que estávamos em White Bone?
- A Mestre sabe de tudo. Ela sabia que eu estava a necessitar de ajuda e veio na minha direção. As coisas podiam ser bem diferentes se ela não tivesse vindo e me preparado para o que vem ai.
- E o que vem ai? - A Minerva olha muito séria para a Tilda.
- Uma guerra!
- Mas nós ganhámos a guerra! A Chau foi feita prisioneira e só estávamos à tua espera para podermos anunciar oficialmente o fim dos baronatos e a libertação de todos os escravos. Os soldados já estão a voltar às suas respectivas terras. Somos oficialmente livres!
- Não, não somos. Se primeiro lutámos pela nossa liberdade, agora vamos ter que lutar pelas nossas vidas. E acreditem que este novo inimigo é muito mais perigoso que a Julietta ou qualquer um dos outros Barões. Este homem está disposto a construir um novo mundo a sangue, se necessário. Para ele ou nos ajoelhamos ao ser querer, à sua religião, ou morremos às mãos dos seus "queridos". - Era desta forma que o Peregrino tratava aqueles que tinham o Gift.
-..."queridos"...é dessa forma que o Peregrino trata o MK e a outra rapariga. O MK está em perigo?! - a Tilda fica muito preocupada pois para ela o MK era muito importante.
-...não. Penso que ele está em segurança. Pelo menos enquanto conseguir controlar o seu poder. Nós é que estamos em perigo e foi por causa disto que a Mestre voltou. Ela voltou para me avisar e para me "acordar" para este desafio, para este novo desafio.
- Mas que desafio é esse que tanto falas? E porque tu, Minerva?
- Existe muita coisa que vocês não sabem sobre mim. Eu própria não me lembrava mas agora é tudo bem claro. Eu já sei quem sou, de onde vim...a verdade é que a minha história começou muito antes de chegar á tua casa, Gaius. A minha história começa em Azra.
- Azra...esse nome...essa é uma história que se contava às crianças para meter medo.
- Não. Azra é verdadeira. O meu livro. Lembraste do meu livro, Tilda? - a Tilda engole em seco. O livro tinha sido roubado pelo MK e ela tinha ajudado -...aquele livro foi a única coisa que o meu pai me deixou antes de desaparecer. Foi o livro e a palavra Azra. Eu trabalhei à volta daquele livro durante anos mas nunca o consegui compreender, decifrar. Apenas sei dizer que aquele livro fala sobre o Dark Chi, como ele nasceu e pode ser controlado. E ele pode ser controlado por certas pessoas, tal como a Mestre ou o Peregrino. Ele sabe o "desligar" e segundo a Mestre ele descobriu a Câmara do Merindiano. Ele agora tem acesso a um poder incrível e com a capacidade dele de controlar o Dark Chi torna-se quase impossível de parar.
- Estás a falar do quê?
- Não sei bem como mas o Peregrino está a preparar um exército de dotados para tomar conta das Badlands.
- Como pode estar a preparar um exército de dotados com o Dark Chi? É verdade que eles são muito poderosos mas não são assim tantos. Aliás, que eu saiba só existem dois miúdos, já que o outro morreu.
- Ai é que te enganas. Conheces três.
- Três?...
-...eu. Eu tenho o Gift desde pequena. Aliás, foi por causa de ser portadora do Dark Chi que fugi com o meu pai de Azra e da Black Lotus. Eu não passava de uma criança. Uma criança muito poderosa mas uma criança e o meu pai decidiu agarrar em mim e fugir para as Badlands. Agora já me lembro de tudo. Lembro-me das longas caminhadas, de estar muito cansada mas ele não me deixava desistir. Dizia que ia sempre ficar comigo e que sempre estaria do meu lado. Ele era a borboleta que um dia pousou no meu braço e lá continua até hoje. Elas são a minha família, as minhas borboletas... - agora compreendiam o significado da borboleta no brasão da Minerva. Ela não representava apenas um animal que passava de despercebido para magnificente. Ele era a representação da única família que tinha e que a tinha abandonado. -...eu pensava que ele me tinha abandonado, como todos os homens na minha vida mas agora compreendo que ele me protegeu. Eu não podia cair nas mãos de pessoas que usassem o meu poder para o mal. Eu fiquei sozinha na floresta até que os monges me prenderam num pequeno baú e me levaram para o mosteiro. Foi ai que conheci o Bajie.
- O Bajie era monge?! - A Minerva sorri. Era estranho pensar no Bajie como um responsável monge mas esta era a verdade.
- Era. No mosteiro eles puxavam pessoas como eu mas o Bajie não deixou, ele protegeu-me e treinou-me. Juntos éramos uma dupla imparável que queria mudar o mundo. Pelo menos era o que eu achava. Mas tudo mudou no dia em que tentei salvar os cogs de uma aldeia no território que era do Quinn. Eu sozinha tratei dos Clippers mas deixei-me levar pelos meus poderes, pela minha sede de sangue, e acabei por chacinar toda a aldeia. Eu matei as pessoas que queria salvar!...foi nesse dia que a Mestre, a mesma mulher que viram sair deste quarto, retirou todos os meus poderes e expulsou-me do mosteiro. Dai o resto da história já conhecem. O Rei do Rio apanhou-me, colocou-me num barco de escravos e acabei como cogg na tua casa. - ele sabia que ela era especial, sempre soube que ela era muito mais que uma simples escrava e estava aqui a sua resposta. A Minerva era uma "dark one".
- Afinal a história que contaste era verdadeira!
- Eu nunca te menti. Posso ter mentido a todos os outros, menos a ti Tilda. Eu era igual ao MK e sempre quis saber como o rapaz conseguia controlar os seus poderes e o porquê dele ter um medalhão com a mesma imagem de Azra que o meu livro tinha. Os outros não têm. Apenas ele. Ele tem o medalhão, eu tinha o livro e eu sei que o Sunny tinha uma bússola. Porque temos estes artefatos? Qual é a nossa ligação?
- Achas que existe uma ligação entre vocês os três?
- Não sei mas irei descobrir. Sei que todos temos uma ligação a Azra e que esta é a fonte para pessoas como eu. Pessoas que foram criadas para lutar, para matar. Pessoas que tem o poder do mundo nas mãos mas que com um simples estalar de dedos podem acabar com tudo. Foi desta forma que o mundo antigo acabou. As pessoas com muito poder ficaram gananciosas e nós corremos o risco de repetir a mesma história.
- Falas do que se passou com a civilização antiga?
- Falo do fim do mundo, do mundo que agora conhecemos. Este pode não ser o mundo perfeito, é verdade, mas é o nosso mundo e eu não estou disposta a ver um homem tomar conta de tudo. Já passamos pelo jugo dos Barões, não devemos passar pelo jugo do Peregrino.
- E como o podemos parar?
- Vocês não sei mas eu posso e o vou parar! Eu prometi a Wren que finalmente seria a líder que tanto falava e se tiver que me sacrificar no processo eu o falo-ei. - O Gaius agarra-lhe na mão.
- Já falei disto mais do que uma vez mas repito pois parece que não me queres ouvir. Tu não tens que te sacrificar sozinha. Esta não é uma luta de apenas uma pessoa, é uma luta de todos nós e tu com essa conversa...essa parece uma conversa de uma suicida. Pensava que esta guerra tinha finalmente acabado e que finalmente iríamos ter o nosso final feliz. - A Minerva sorri. Ela lá no fundo também tinha sonhado com um final feliz, sem armas nem guerra. Apenas eles os três naquela casa. Ela queria ter uma família, queria recuperar a sua família, a sua felicidade. Desde que o Gaius tinha reentrado na sua vida que tinha imaginado inúmeros cenários mas pelos vistos nenhum deles se iria realizar. Pelo menos não naquele momento.
-...eu pelos vistos não fui feita para os finais felizes. - Ficam os três algo pensativos quando a Tilda quebra o silêncio.
- E o que fazemos agora? Nos preparamos para uma nova guerra, é isso?! - A Minerva precisava de ver a Lydia. Ela era a sua estratega e a verdade é que precisava dos seus conselhos. Talvez nunca tivesse necessitado tanto da Lydia como naquele momento.
- A Lydia? Preciso de a ver. Preciso da minha vice-rei. - a Tilda olha para o Gaius. A Lydia estava muito doente, tinha sido ferida em combate. Como é que lhe iriam dizer?...O Gaius puxa essa responsabilidade para si.
- Minerva, a Lydia foi gravemente ferida. Durante a luta um dos soldados da minha irmã a feriu e ela, em conjunto com o Moon, têm estado retirados no Forte. O médico tem estado com ela mas as notícias não são as melhores. Não tem havido melhorias. Por causa do vosso estado nós tivemos que assumir o controlo das Badlands. - A Minerva levanta-se muito de repente, como se estivesse bem e pronta para tudo. Caso como se os últimos dias não tivessem existido.
- Eu tenho que ir ter com a Lydia. - o Gaius mete-se à sua frente.
- Tens a certeza? Tu ias morrendo e...
- Mas não morri e não estou para ficar mais tempo deitada nessa cama. Está mais do que no momento de voltar a assumir as redes das Badlands e para o fazer preciso de ter ao meu lado o meu Regente e a minha Vice-Rei. E se eles não podem vir até ao Santuário, eu irei até ao Forte e não vai ser nenhum dos dois que me vai parar. Aliás...se querem fazer alguma coisa vão buscar o Waldo.
- Mas o Waldo está vivo?!
- Claro que está! Achavas mesmo que o tinha morto quando ele vos ajudou a fugir? Exactamente. Eu vi a vossa fuga. O Waldo está na casa dele, nas terras que eram do Quinn. Ele na altura disse que se tinha que afastar, que estava farto de lutar e eu aceitei. Só que a situação mudou e é melhor ele estar aqui, perto de nós. É mais seguro para todos. Tilda, no escritório vais encontrar um mapa que te vai ajudar a chegar ao Waldo. Preciso que o tragas para cá e se for preciso puxas-o pela cadeira.
- Sim mãe. - A Tilda afasta-se deixando a Minerva e o Gaius sozinhos. Ora estava ai uma coisa que ela não queria nem um pouco. Quanto menos estivesse sozinha com ele, melhor. A Minerva também faz tensão de sair do quarto mas o Gaius a impede.
- Podes não querer dizer nada em frente da Tilda mas já comprendi que se passou alguma coisa. Tu estás estranha.
- Como querias que estivesse depois de tudo o que se passou em White Bone?!
- Pois. Compreendo que devas ter a tua cabeça a "mil à hora" mas algo me diz que se passa mais, que escondes algo. Sabes que podes contar comigo para tudo, que me podes dizer tudo. - tenta fazer uma festa no rosto da Minerva mas esta se retrai -...o que se passa? Pensei que estávamos bem. Eu passei os últimos dias morto de preocupação, com medo de te perder. Demorei 20 anos a voltar para ti e agora...
- Agora já tens aquilo que querias há 20 anos atrás. Já me tiveste e podes juntar o meu nome à tua lista de conquistas. - a Minerva explode de raiva e frustação. Ele tinha prometido que nunca mais nenhum homem ia fazer pouco dela mas bastou ele chegar que ela se tinha derretido toda. Sempre fora assim e sempre que ela se deixava ir na "cantiga" dele as coisas acabavam mal. Mas quem não estava a entender aquela conversa era o próprio Gaius. Ela falava dele como se ele fosse um abusador, alguém que só pensava em mulheres. Ele não é assim. Ele só pensava nela. Desde pequeno e agora que estava perto dela só a queria ajudar a concretizar o seu sonho, o sonho deles.
- Mas do que estás a falar? Eu sempre te amei!
- Sempre me amaste ou me desejaste? É que são duas coisas diferentes. E a tua irmã me contou tudo sobre as outras raparigas. Eu fui mais uma que tentaste conquistar na altura mas como não conseguiste não te sai do pensamento. Foi isso?...
- A minha irmã...Mas como consegues acreditar na minha irmã depois de tudo?! Ela mente! Ela nunca gostou de ti e lá no fundo sempre soube que eu gostava de ti. Esqueceste das chicotadas que ela te deu?! É que eu não! Eu consigo fechar os olhos e relembrar tudo o que se passou naquele dia.
- E eu sinto ainda cada chicotada na minha pele.
- Então porque acreditas nas loucuras da minha irmã? Porquê?! - puxa a Minerva para junto de si e faz-lhe um carinho no rosto. -...que mais tenho que fazer para que acredites em mim, no meu amor?... - beijam-se. Por mais que tenha ficado de pé atrás com as palavras da Juliette, a verdade é que não conseguia esquecer o que tinha vivido ao lado dele. Ela também queria dar uma oportunidade aquele amor. A luta pela vida, a luta pela liberdade e a luta pelo amor. São três lutas que tinham marcado toda a sua vida.
Mais tarde...
Um carro com a insígnia da Borboleta estaciona em frente ao Forte e de lá, em passo rápido, saem o Gaius e a Minerva.
Dentro de casa o casal é recebido pelo Moon, que estava visivelmente melhor dos seus ferimentos de batalha.
- Baronesa, folgo em a ver bem.
- Meu valoroso Moon. Fico muito contente em ver que estás a recuperar bem. A Tilda e o Gaius contaram-me sobre os acontecimentos em Mastanza e como tu e a Lydia foram autênticos heróis. Falando da nossa amada Vice-Rei, onde ela está?
- Ela está de cama e infelizmente não está muito bem. O médico diz que é envenenamento de sangue e que há pouco a fazer. - A Minerva deixa o Moon a falar sozinho e vai na direção do quarto da Lydia. - Onde ela pensa que vai?
- Também não sei mas o que acontecer daqui para a frente...vai de coração aberto pois vais ficar espantado.
*CONTINUA (possivelmente...).

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