quarta-feira, 23 de janeiro de 2019

Lusitânia Comedy Club" no Casino Lisboa.

O Lusitânia Comedy Club" vai apresentar, no Auditório dos Oceanos do Casino Lisboa, o espectáculo O Porquê da Coisa.
Ah, Portugal!... Nação valente e imortal! Ou algo do género. Nação, também, com sérios problemas de auto-estima. Genericamente, estimamo-nos muito pouco. Não toleramos que digam mal de nós, mas dizer mal de nós é um dos nossos desportos favoritos. Aquele bandalho daquele cientista português foi lá para fora descobrir a cura para o cancro? Sacana! Quem é que ele julga que é, todo armado em bom? Porque é que não a descobriu cá? Traidor!
Consideramos que o nosso país é ruim, até alguém de fora dizer alguma coisa ruim do país - altura em que o país passa a ser o maior.
Somos um país repleto de sôtores, e ai daquele que não trata um sôtor por sôtor. E não é preciso o sôtor ser sôtor - qualquer banco mete as letras DR. no nosso cartão Multibanco, não precisando de ver o nosso diploma. Basta pedir-lhes o favor com jeitinho.
Temos um complexo de inferioridade tramado. Somos um país pequeno que alguns países grandes acham que faz parte de Espanha. E somos um país pequeno que, ainda por cima, já foi grande. Ou fez coisas grandes. Como os Descobrimentos. Ou o recorde da Maior Feijoada na Ponte 25 de Abril. Isso dá cabo da cabeça de qualquer um. É como a pequenita do filme ET - em garota foi uma estrela, logo a seguir deixou de ser e depois entrou em depressão e nas drogas.
Portugal é a pequenita do ET. Vivemos em depressão e metemo-nos nas drogas. Espetamos com futebol nas veias e snifamos reality shows pelas narinas acima. E continuamos a rir-nos pouco, cada vez mais ofendidos com, basicamente, tudo. Porque a boa educação diz que a galhofa e a comédia é coisa de malcriadões.
Pois bem, nós somos malcriadões. Mais: descobrimos que a salvação é capaz de estar na má criação. Porque se não partimos alguma louça, partimo-nos por dentro. Ou seja - se não nos rimos disto tudo, o mais certo é acabarmos na primeira página do Correio da Manhã, ou porque matámos alguém ou porque alguém nos matou a nós. E não sei o que é que vocês acham disso, mas para nós, matar e morrer é uma coisa que nos chateia à brava. Sobretudo morrer. Não nos convinha nada, até porque dizem que reduz significativamente a possibilidade de ser contratado para qualquer coisa.
Esta peça, que foi escrita por Nuno Markl, é interpretada por Mafalda Santos, Ana Freitas, Hugo Simões, Luís Sousa, Luís Oliveira e Frederico Amaral.
Este espectáculo poderá ser visto de 01 a 10 de Fevereiro. O ciclo de representações decorre às sextas e Ssábados, às 21:30; e domingos às 17:00. Os bilhetes têm um custo de 18€.

De: FG.

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