quarta-feira, 5 de dezembro de 2018

Precários na televisão.

Não é a primeira vez que falo sobre este tema (como pode ser visto aqui: https://snarede5.blogspot.com/2018/11/precarios-na-rtp.html) mas a verdade é que nem toda a gente que trabalha na televisão, e são muitos profissionais e das mais diferentes áreas, tem o mesmo glamour como figuras como a Júlia Pinheiro, Cristina Ferreira (que vai estrear o seu novo programa na SIC em Janeiro e que tem um conceito que faz lembrar um pouco o "Cá por casa" do Herman José) ou o Manuel Luís Goucha (que de 17 de Dezembro até ao mês de Janeiro vai fazer o seu programa directamente a partir do seu monte).
Mas para estes nomes terem sucesso e para a ficção portuguesa ganhar prémios lá fora, como aconteceu na telenovela "Ouro Verde" da TVI (o primeiro Emmy ganho por uma produção nacional foi "Meu Amor", escrita por António Barreira), existe uma equipa de trabalhadores que não vê os seus rostos e nomes reconhecidos mas sem eles, sem o assistente de som ou sem a maquilhadora, os actores não podem brilhar nas suas grandes cenas.
Contra esta precaridade, os trabalhadores falam mesmo em "escravatura" laboral, os trabalhadores da Plural (que é uma das maiores produtoras do país e a responsável pelas novelas da TVI) entraram em greve. Esta greve pode atrasar inúmeras produções. Mas se acha algo "estranho" esta greve numa produtora, não é caso único no mundo. Em Hollywood, há uns anos, houve uma greve no seio dos guionistas, o que levou a que alguns dos programas mais vistos no mundo tivessem sido afectados.

Para mim, e não querendo "puxar a brasa para o meu lado", uma das profissões mais importantes no mundo do audiovisual é a de jornalista. Os jornalistas não têm horas de descanso e devem ter um enorme compromisso para com a verdade. Ser jornalista é muito mais do uma profissão, é uma paixão. Só que como não podemos viver só de amor, acredito que todos aqueles que trabalham devem ser pagos.
Este é um assunto sobre o qual tenho abordado várias vezes mas esta situação torna-se pior quando vemos jornalistas a trabalharem de forma precária nos dois órgãos de comunicação social, a RTP e a agência Lusa. Mas sobre este caso, a ministra da cultura (a mesma que enquanto esteve no México disse que era uma bênção não ler jornais portugueses há 4 dias) disse que todos os trabalhadores com contratos precários iram ser integrados nos quadros no próximo ano.
Pelo menos uma boa notícia. Quer dizer, é uma boa notícia para os trabalhadoras da RTP e da Agência Lusa. Nós, aqueles que se formaram mas não têm tido oportunidades nenhumas, continuam a trabalhar todos os dias por "uma mão cheia de nada e outra de coisa nenhuma". Esta é a minha situação. Trabalho todos os dias aqui para o blogue mas não há forma deste projecto se tornar em algo mais sólido.
O "S na Rede" não dá qualquer tipo de retorno e eu contínuo a não ter oportunidades para fazer aquilo que realmente gosto, ser jornalista.


De: AR.

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