quinta-feira, 16 de agosto de 2018

Tenho a casa em obras.

Não é bem a casa. É mais o prédio e mesmo assim depois de terem começado a furar e a fazer cruzes na varanda do meu quarto, não aparecem já há dois dias. O que podemos dizer...são mesmo empreiteiros portugueses. Montaram o andaime e agora não posso abrir a janela e eu adoro estar a escrever de janela aberta. É que preciso de apanhar ar e de ver alguma luz antes que fique maluquinha.
E não é que falte muito para ir parar ao Júlio de Matos. A ansiedade já está cá e as unhas são um comprovativo. Estas obras, por mais que entenda que devam ser feitas, acho que vão levar o resto da minha sanidade mental. Muitas vezes, a maioria das vezes, tento me concentrar e esquecer o mundo que está lá fora com música. O tipo de música tanto faz, o que eu preciso é de uma boa batida e animação para poder continuar a minha luta diária.
E esta minha luta só se resume e sempre se resumiu a uma coisa, tentar arranjar um trabalho, poder finamente alavancar a minha carreira e deixar finalmente de ser um projecto falhado de jornalista para poder finalmente ganhar dinheiro com aquilo que gosto e estou a fazer neste exacto momento, que é falar com vocês, um público que estará ai algures. Só que como ainda não sou nada, não sou ninguém, tenho que me contentar em trabalhar mesmo a partir de casa, do meu escritório particular.
Sabem, até existem algumas contrapartidas em poder trabalhar a partir de casa mas quando temos obras a decorrer ninguém consegue aguentar. Uma pessoa só tem vontade de sair porta fora mas não pode pois tem compromissos mais importantes.
Ninguém aguenta obras e quando elas estão mesmo à nossa porta até parece que ficamos loucos. Mas pelos vistos vou ter que me habituar pois elas não vão a lado nenhum, tal como eu. Se eu estivesse a trabalhar em outro lugar tudo seria diferente, a minha vida seria outra.
Mas pelos vistos tenho que me contentar com este lugar, com as sombras que se lançam sobre o meu quarto, o meu quartel-general, o meu santuário. Só que este é um lugar estanque. Não gira, ao contrário do resto do mundo. Uma prova que aqui nada muda é o facto de a estante ter para ai uns 40 anos (calma! Eu só tenho 26. A estante nem era minha). Tudo aqui tem uma história, uma mística que tanto nos pode transportar para um quarto como para a torre da Rapuzel (ela usava uma trança e eu já tenho o cabelo tão comprido que tenho que andar de rabo-de-cavalo). Pareço a princesa da Disney mas esta princesa da vida real ainda não foi salva e todos os dias (quer dizer, quando posso abrir a janela) olha para a estrada que se me apresenta e tenho decidir qual o caminho a seguir.

De: AR.

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